Artigo 1

6104 palavras 25 páginas
26. Epidemiologia das substâncias químicas neurotóxicas

Heloísa Pacheco-Ferreira
Profa. Adjunta – NESC/UFRJ. Médica Neurologista. Mestre em Saúde do
Trabalhador (ENSP/FIOCRUZ). Doutora em Ciências (NAEA/UFPA)
O uso indiscriminado de substâncias químicas nas indústrias, na agricultura e em campanhas de saúde pública, o risco de acidentes com produtos perigosos e suas emissões para o meio ambiente, na última década, tornaram-se um grave problema de
Saúde Pública, devido ao grande número da população exposta. Entre os aspectos preocupantes, estima-se duzentos e cinqüenta mil casos de morbidade e mortalidade decorrentes da neurotoxicidade no mundo a cada ano, além da evidência epidemiológica da associação entre poluição ambiental e o aumento de algumas enfermidades clínicas degenerativas nos países industrializados.
E, associa-se a isto, o fato da complexidade do reconhecimento nosológico e do monitoramento de biomarcadores de efeitos das patologias de origem ambiental, entre estas as neurológicas. O escasso conhecimento de como essas substâncias interferem na fisiologia do sistema nervoso, a relativa semelhança com outras doenças consideradas idiopáticas, sem se estabelecer o nexo entre a contaminação ambiental e a referida substância contaminante. O processo de adoecimento é difícil de ser diagnosticado uma vez que os sintomas são inespecíficos, têm grande período de latência, surgindo lentamente. Além disso, em relação às intoxicações químicas, os métodos diagnósticos disponíveis para identificar possíveis alterações neurológicas e neurocomportamentais, nestes casos, têm sido lentamente implantados nos serviços de saúde.
Entre os indicadores de alerta nos sistemas de vigilância ambiental em saúde devem estar incluídas as repercussões precoces à saúde, considerando aquelas tanto acima quanto abaixo do horizonte clínico, com a finalidade de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle das doenças e agravos. Permite-se assim, observar alterações subclínicas não

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