Antropologia
Documento de trabalho D
Anderson, Benedict (2005). Comunidades imaginadas: Reflexões sobre a origem e a expansão do Nacionalismo. Lisboa: Edições 70, pp. 22-27.
“Eric Hobsbawm tem toda a razão quando afirma que "os Estados e os movimentos marxistas tenderam a tomar-se nacionais não apenas na forma, mas também no conteúdo, isto é, nacionalistas. Nada sugere que essa tendência não se mantenha". Nem tal propensão se circunscreve ao mundo socialista. Quase todos os anos as Nações Unidas admitem novos membros. E muitas "velhas nações", que em tempos se julgou estarem inteiramente consolidadas, se vêem desafiadas por "sub" -nacionalismos no interior das suas fronteiras - nacionalismos que, obviamente, sonham com o dia feliz em que perderão essa subalternidade. A realidade é muito clara: o "fim da era do nacionalismo", há muito profetizado, não está nem remotamente à vista. Na verdade, o factor nacional é o mais universalmente legitimado entre os valores da vida política do nosso tempo.
Nacionalismos
Mas, embora os factos sejam evidentes, a sua explicação é desde há muito objecto de longos debates. Nação, nacionalidade e nacionalismo revelam-se claramente difíceis de definir, e ainda mais de analisar. Contrastando com a enorme influência que o nacionalismo exerceu sobre o mundo moderno, a teorização plausível sobre o assunto é manifestamente escassa. Hugh Seton-Watson, autor daquele que é de longe o melhor e mais completo texto de língua inglesa sobre o nacionalismo e herdeiro /22/ de uma vasta tradição de historiografia e teoria social liberais, observa tristemente: "Sou assim forçado a concluir que não é possível encontrar nenhuma «definição científica» da nação; todavia, o fenómeno existiu e existe." Tom Naim, autor do livro pioneiro The Break-up of Britain e herdeiro da pouco menos vasta tradição de historiografia e teoria social marxistas, afirma candidamente: "A teoria do nacionalismo constitui o grande fracasso histórico do marxismo." Mas