É possível reabilitar o sentido da política?
Carmelita Brito de Freitas Felício*
Resumo:
Partindo de uma avaliação dos preconceitos contra a política e das difíceis condições que a modernidade e o mundo contemporâneo reservaram ao exercício da política, este texto discute a pertinência da pergunta formulada por Hannah Arendt: “tem a política ainda algum sentido?” e, ainda, a conveniência de se substituir a política pelos meios públicos de força que, nos nossos dias, representam uma ameaça à liberdade, à vida e à sobrevivência da própria Humanidade.
Palavras-chave: modernidade, política, tempo presente, Hannah Arendt.
O ponto de partida das reflexões que seguem constitui um exercício de pensamento que se encontra amalgamado com a minha vontade de saber porque, no nosso tempo, a atividade política caiu em total descrédito, como bem o demonstram a apatia e a despolitização que tomou conta do nosso mundo, a descrença e a desconfiança com que as pessoas comuns julgam a atividade política, e, por via de conseqüência, as pessoas diretamente envolvidas com ela. Uma de nossas hipóteses é a de que, nas condições do tempo presente, estamos sendo confrontados com a perda de critérios e de referências a partir das quais nos movemos politicamente e essa perda está, em nossa opinião, diretamente relacionada com os preconceitos que, segundo Hannah Arendt, são indicadores por meio dos quais é possível começar uma discussão acerca dos motivos que levaram à degradação do sentido e do que a política é de fato.
Afinal, que preconceito é esse que, segundo Arendt, existe e sempre existiu contra
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*Mestre em Filosofia (UFG) e Professora no Departamento de Filosofia e Teologia da Universidade Católica de Goiás-UCG. a política e por que, quando se trata de pensar “o que é de fato política hoje” , não se pode deixar de considerar as relações de hostilidade entre Filosofia e Política que remontam à gênese do pensamento