O texto polifónico
Para desenvolver a nossa temática é importante primeiro fazer referencia que um ponto de partida para o ensino de língua portuguesa, como língua estrangeira, é reconhecer que a linguagem é um fato social, produzida por sujeitos falantes portadores de uma ideologia e de uma historicidade. Desde essa perspectiva entendemos que a produção do discurso é atravessada pelas condições do sujeito e o seu entorno. E a materialidade de um discurso específico, é o texto. Como sabemos, o texto é um conjunto de enunciados, sejam escritos ou orais; e todo texto tem sempre uma finalidade. Por tanto as produções – orais ou escritas – partem de um objetivo que, certamente, vai inferir no modo como vamos falar ou escrever.
Por exemplo, se meu objetivo é fazer um convite a um colega para uma festa no fim de semana. Que linguagem utilizaria? É o mesmo que eu utilizo para escrever uma carta solicitando a informação e o estado de um caso judicial? Não. Para nos comunicar é preciso primeiro, falar a mesma língua, e depois manter o mesmo código. Quer dizer, se eu utilizo uma língua diferente é provável que a mensagem não seja compreendida.
Que acontece quando no mesmo discurso (oral) apareceoutro discurso? Por exemplo, eu estou falando com uma colega sobre alguma coisa e de repente outra colega começaa falar, e opinar sobre o que nós estávamos falando. O que é que eu faço? Espero que ela acabe de falar e continuo a falar eu. Teoricamente é o que devemos fazer. Tudo tem seu processo, o de falar, o de escutar, e o de falar novamente. O mesmo acontece quando redigimos um texto. Não posso escrever assimqualquer coisa, temos que organizar o que vamos a dizer – ou escrever.
Nos textos é comum encontrar diferentes discursos, diferentes ideias, diferentes posturas; o que chamamos de vozes. Quando vemos que num texto aparecem diferentes vozes (ideias, posturas, autores), dizemos que o texto é polifônico. Essas vozes no texto podem ser introduzidas por meio de enunciados