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Universidade Federal do Espírito Santo. GT Desafios Epistemológicos
A ARTE DE NARRAR EM UM RIO CHAMADO TEMPO, UMA CASA
CHAMADA TERRA DE MIA COUTO.
Cristina Vasconcelos Machado1
“A transmissão e o exame dos discursos de outrem, das palavras de outrem, é um dos temas mais divulgados e essenciais da fala humana.”
(Mikhail Bakhtin)
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo analisar a problemática do narrador no romance Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra (2003), do escritor moçambicano Mia Couto. Esperamos verificar como a polifonia de vozes presente na narrativa, poderá vir a demonstrar um processo de hibridismo. Esse processo de hibridismo será notado tanto em relação à linguagem, quanto em relação à cultura. Para discorremos sobre o universo da linguagem, utilizaremos as teorizações de Mikhail Bakhtin (1992, 1993, 1997). O referido autor ponderou que o romance é um gênero que apresenta diferentes vozes sociais que se defrontam, entrechocam, manifestando, assim, diferentes pontos de vistas sociais sobre um dado objeto, portanto, é um gênero polifônico por natureza. O embate entre duas, ou mais, forças também pode ser observado no âmbito da cultura, uma vez que, os processos de encontro entre os povos, como exemplo o colonialismo empreendido pelas potências europeias, colocou essas distintas culturas em contato, podendo produzir processos de hibridismo. Para dissertamos sobre essas questões lançar-nos-emos nas reflexões de Néstor García Canclini
(2011).
Palavras-chaves: Romance polifônico. Hibridismo. Literatura Africana. Narrador.
A emergência do gênero romance, a partir do século XIX, implicou à Teoria
Literária um olhar mais aguçado sob as características que estruturam esse gênero. Assim, a escolha do foco narrativo e suas consequências ganha evidencia nos debates de crítica literária. Uma dessas discussões foi elaborada por Davi Arrigucci