O Rei Lear
A tragédia ‘O Rei Lear’ nos traz a história de um rei que resolve dividir o seu reino em três para se livrar do peso da coroa. O tamanho do território que cada filha irá receber dependerá do quão grande e afetuoso será o seu discurso, diante disso Shakespeare desenvolve uma trama cheia de ambições e hipocrisia, entretanto com uma forte presença de fatos e ações que estão diretamente ligados com a prática da verdade, a Parrhesia, denominada assim por Michael Foucault. Essa interação constante na história traz conseqüências jamais previstas pelos próprios personagens, o Rei que se nega a enxergar e distinguir verdade de adulação desencadeia para si mesmo o seu próprio fim. A relação de Cordélia, sua filha mais nova e mais amada, e seu pai, será um dos principais pontos de análise deste trabalho, por ela ser a parrhesiaste mais presente em toda a trama.
Esta análise tem como objetivo criar um ponto de vista crítico em relação à tragédia juntamente com a perspectiva de Parrhesia, relacionando e avaliando as relações e práticas da verdade que são encontradas dentro da peça e buscando entender a importância de tais para a trama no geral.
A personagem Cordélia é a maior e mais pura representação de verdade dentro do texto, é ela que encaminha o Rei para o que irá acontecer. Através de sua honestidade ao ser questionada pelo pai em relação ao seu amor, ela responde, num pequeno diálogo:
“Cordélia: Nada, meu senhor
Lear: Nada?
Cordélia: Nada.
Lear: Nada virá do nada. Fala outra vez.” (Shakespeare, 2008, Grifos meus)
Percebe-se grande espantamento do Rei ao saber da resposta, definitivamente não era isto o que ele esperava, pois da mais amada de suas filhas deveria surgir a mais linda das declarações, assim como feito pelas duas mais velhas, Goneril e Regana, anteriormente; o rei que não se agrada com o acontecido, a partir daí, escreve o seu grandioso final.
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