Rei Lear
Nesse universo europeu da Idade Média, acontece uma das melhores dramaturgias shakesperianas, enfatizando a problemática da velhice e o fardo pesado que o ancião torna-se para sua família; mesmo que o idoso seja um sábio e bondoso soberano monárquico, como é o caso do rei Lear.
O amor dedicado de Cordélia – que preferira não casar para não dividir este amor com o esposo, levou-a a desprezar a parte que lhe tocara no reino, fazendo com que o velho rei a tomasse como estranha, afirmando não mais ser ela sua filha, Lear expulsa-a de casa.
A partir desse ponto, o drama passa a retratar a condição de estorvo que o rei ancião ocupa, morando ora na companhia de Goneril, ora na companhia de Regana. Ambas são intolerantes às dificuldades de discernimento do velho Lear; agem indiferentes a sua idade avançada, não empreendendo qualquer esforço no sentido de compreender as atitudes desconexas do pai ancião. Diante das fortes repreensões destas, o rei prefere partir e viver com estranhos.
É justamente nesse ponto, no abandono aos idosos, em face do peso que eles representam, que a grandiosidade literata de Shakespeare torna-se clássica, pois trata de um assunto bastante atual e comum entre as famílias; algo atemporal, que foi ontem, é hoje e será no futuro. Aqui, a obra O Rei Lear faz-se eterna, porque em qualquer tempo da