A Ousadia de Criar sua Própria Prática
A relação entre a produção cultural e a instituição de ensino, seja no espaço da EJA ou em outro nível e modalidade é, por princípio conceitual, conflituosa. Se, por um lado, a formação de professores procura na transgressão o avanço de sua construção, as instituições em sua maioria normatizam rigidamente o processo de aprendizagem. Como, então, favorecer um espaço de transgressão e criação, de formação de sentidos e significados?
O reconhecimento da dificuldade de conquistar novos espaços para novas práticas, novas ações e atitudes, tem aumentado e, consecutivamente, o debate sobre a necessidade de trazer outras dimensões para a formação e prática de professores, com uma abordagem que contribua para a ampliação de olhares e escutas sensíveis, do despertar de linguagens adormecidas, demandando as esferas diferenciadas de conhecimento, abrandando, assim, as falsas dicotomias entre afetividade e cognição. Falamos da inteireza de ser educador. No que se refere à competência e ao compromisso, acrescentamos a sensibilidade que abre caminho para o encantamento, ingrediente essencial para a recriação do cotidiano pessoal e profissional, ousando outros desenhos e novas paisagens para o dia-a-dia.
Reconhecer e descobrir a sua própria possibilidade criadora é um ponto de partida essencial. O conhecimento é continuamente construído, reformulado e enriquecido pela multiplicidade de pontos de vistas. Reinventar o prazer e a beleza de saber e fazer. Reinventar o cotidiano, ampliar repertórios de seu próprio fazer educativo.
Sensibilizar o olhar e a escuta amplia o repertório e, consequentemente, o acervo para criação, uma vez que só se cria a partir da combinação de elementos diversos que se tenha, tornando a prática mais significativa, autoral e criativa. Tornando-se, assim, autor de sua própria trajetória. Fazendo-se presente, sujeito da memória e da história. Tendo responsabilidade e autonomia sobre o