A organização educacional
RUI MANUEL MOURA
Resumo
O artigo aborda a organização escolar a partir de duas diferentes análises sociológicas. A primeira segue um paradigma determinista, apresentando a escola como reprodutora das desigualdades sociais. Nesta perspectiva destacam-se as teorias da reprodução conflitual bem como a teoria do capital cultural. A segunda concepção centra a sua atenção sobre a interacção actor-sistema, possibilitando esta mesma interacção a diferenciação, a autonomia e a inovação. O artigo finaliza com a necessidade de uma visão realista da escola, tendo em conta os diversos condicionalismos em que está envolvida, acentuando contudo, que através da interacção dos diversos actores, a escola tem a sua própria identidade sendo, por isso, espaço de inovação.
Introdução
A reflexão sobre a escola tem sempre como pano de fundo determinadas concepções da sociedade e do indivíduo. Tomar consciência destas diferentes concepções permite-nos oferecer um quadro de análise sobre a organização escolar. A abordagem sociológica da escola apresenta duas grandes concepções acerca da mesma. A primeira concepção centra a sua atenção sobre o sistema (sociedade), considerando que o indivíduo é determinado pelos condicionalismos do sistema. Esta perspectiva teve uma grande influência na análise da escola até finais da década de 80. A segunda concepção considera, ao invés, que existe a necessidade de ter em conta a construção social da realidade, onde o indivíduo tem um papel activo nessa construção. Esta perspectiva tem assumido grande relevo a partir da década de 80.
Estas duas grandes abordagens sociológicas acentuam duas dimensões distintas, mas reais na organização escolar: a da desigualdade e a da inovação. Ao longo deste artigo procura-se, pois, reflectir sobre a escola a partir destas duas perspectivas, apresentando uma síntese da literatura mais relevante sobre estas duas dimensões. Desta