A natureza do trabalho pedagogico
Cap. 3 A Natureza do Trabalho Pedagógico
O objeto de trabalho sobre o qual se aplica a atividade humana para transformá-lo, no caso do trabalho pedagógico, pode ser o aluno e o saber. O aluno pode ser considerado “como verdadeiro ‘objeto de trabalho’ do processo produtivo escolar, já que ele se constitui na própria realidade sobre a qual se aplica o trabalho humano, com vistas à realização do fim educativo. Isto quer dizer que, a exemplo do que sucede com a matéria-prima no âmbito da produção material, o aluno não sai do processo educativo como era quando aí entrou” (Paro, 1986:141).
No entanto, o aluno não é mero consumidor, ele é parte ativa do processo e, assim, além do objeto é também sujeito. O aluno, então, pode ser considerado como produtor, coprodutor. Esse aluno não é também um objeto que não oferece resistências, ou apenas resistências naturais; de acordo com Paro (1986) “sua resposta ao processo produtivo se dá de acordo com sua natureza humana, a qual transcende o puramente natural, embora não o deixe de conter”. Como essa transcendência só se dá através do trabalho, temos que, no processo produtivo escolar, a resposta do aluno à ação transformadora do trabalho humano (ação principalmente do professor, mas que inclui todos os demais elementos envolvidos na atividade educativa) só pode dar-se através da participação ativa no processo, ou seja, através de seu trabalho” (p.142). O saber também pode ser considerado como objeto de trabalho na medida em que pode ser retrabalhado no processo de ensino, enquanto matéria-prima sobre a qual os produtores irão desenvolver suas atividades, transformando-a. Mas o saber acumulado, que já existe, pode ser um meio de trabalho. O produto da escola é, por um lado, o aluno “educado” e, por outro, o saber incorporado. Na verdade, a função da escola é formar trabalhadores (Santos, 1989), de um lado, e gestores tecnológicos, por outro. Por