A filosofia de Espinosa

658 palavras 3 páginas
INTRODUÇÃO
Suspeita-se que a filosofia nasça do espanto, do susto e do medo que o homem tem quando constata a incongruência entre os “fatos” e os discursos que tentam explicá-los. Portanto a filosofia seria filha de um sentimento de perplexidade proveniente da dúvida que ocorre entre o hiato do ser e a tradução desse hiato na forma de pensamento/linguagem. Sendo assim, a filosofia é, em essência, paradoxalmente, certeza de que há algo, a priori, que não pode ser dito, e o ente que filosofa é um ser construído sobre os alicerces da dúvida.
DESENVOLVIMENTO
Nesse sentido, o homem, por uma questão de existência, procura dirimir a incerteza, tentando dar um certo grau de veracidade ao seu discurso, no sentido de que detenha um mínimo de segurança, mas, de antemão, já sabe que essa segurança será sempre frágil. Parece que o filosofar é um adentrar em um espaço vazio cujos limites estão para além das possibilidades do intelecto humano. Mas, o que nos apresenta como paradoxal, pode ser o início de uma primeira certeza indubitável, pois, se temos a evidência efetiva do filosofar podemos concluir que o espaço não é tão vazio e ilimitado assim, e que ele é condição de possibilidade daquele, e essa condição o compreende, já que um só se desenvolve em função da possibilidade da existência do outro, pois que a filosofia só pode abrir espaços no espaço. A intuição dessa verdade se faz no tempo, que é outra palavra para o espaço, e tempo pode acumular-se na memória, que é história, ou seja, o desenvolver, muitas vezes idiossincrático, do filosofar.
Espinosa é um sujeito moderno, fruto do seu tempo e, como tal, vive a angústia e a melancolia filosófica dessa condição, tal como assinalou Marsilio Ficino, na villa Carregi, em suas leituras de Platão a Cosimo de Medici. O tempo e o espaço de Espinosa são cheios de vicissitudes de toda ordem, pois estamos nos umbrais de uma nova era, que é a modernidade.
Ser um sujeito moderno significa posicionar-se como agente de um

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