Espinosa Kant e Leibniz
O avô de Espinosa era lisboeta e viveu alguns anos na Vidigueira, no Alentejo. Mas foi obrigado a fugir para Amesterdão quando a louca perseguição portuguesa aos judeus se tornou intolerável. Espinosa, todavia, haveria mais tarde de provocar nos próprios judeus o mesmo tipo de fervor religioso que levou a sua família a ser expulsa de Portugal: foi expulso da comunidade judaica e o texto dessa excomunhão é das coisas mais violentas que já li. Religião e tolerância têm tendência para ser como azeite e água: não se misturam.
Espinosa falava português e esta era a língua que se falava em sua casa e nas ruas de Amesterdão, que acolhia uma enorme comunidade judaica proveniente de Portugal. A língua usada nos estudos bíblicos era o hebraico, e o latim era a língua da literatura, da cultura e da ciência em geral. Espinosa dominava todas estas línguas, além do holandês e do espanhol. A sua obra foi escrita em latim, e traduzida para holandês. Durante a sua vida, Espinosa só publicou duas obras.
Os Princípios da Filosofia de Descartes (1663), de Espinosa, é uma exposição "geométrica" da filosofia de Descartes, e foi publicada a pedido dos seus amigos e correspondentes. Esta obra granjeou-lhe logo uma boa reputação entre os livres-pensadores. Efectivamente, Descartes representava na altura a novidade