A escola e a produção da identidade e da diferença
ADOLPH, Cláudio – UNESA
PRATA, Maria Regina – UNESA
GE: Gênero, sexualidade e educação / n.23
Agência Financiadora: Não contou com financiamento
Introdução
A célebre afirmação de que a anatomia é o destino, hoje em dia já não mais se aplica: a sexualidade se inscreve nos corpos desde muito cedo (Freud, 1905). Entretanto, conforme salienta Louro, a identidade sexual deve ser contextualizada, pois “a inscrição dos gêneros - feminino ou masculino - nos corpos é feita, sempre, no contexto de uma determinada cultura e, portanto, com as marcas dessa cultura” (LOURO, 2000, p11).
Foi somente em meados do século XX que se passou a falar dos adolescentes como um grupo específico diferente das crianças e dos adultos. Antes, estes não eram um fato social reconhecido ou um grupo social, mas apenas uma faixa etária (CALLIGARIS, 2000).
A atual glorificação e exposição da qual o corpo é submetido vieram contribuir para que crianças e adolescentes passassem a ser reconhecidos como sujeitos detentores de uma sexualidade, corroborando a tese sustentada por Freud, no início do século passado, ao afirmar a sexualidade infantil (FREUD, 1905).
Na atualidade, a “transformação das intimidades” (Giddens, 1993) fez com que a questão da sexualidade, antes considerada essencialmente ligada à vida privada, passasse a ser algo de domínio público, produzindo assim, uma transformação no que tange as questões de gênero e comportamento sexual. Se antes, a repressão sexual impôs rígidos padrões a serem seguidos, hoje a liberdade sexual se impõe como regra à obtenção do prazer e da felicidade, libertando o corpo dos antigos pudores morais, despertando interesses e cuidados como o bem-estar corporal, assim como a importância dada à vida sexual. A sexualidade tornou-se algo transparente e visível, despertando interesses diversos, inclusive dos educadores.
Esta mudança nos meios de vigilância, parece estar despertando um novo