a escola como espaço socio-cultural
Analisar a escola como espaço sócio-cultural significa compreendê-la na ótica da cultura,sob um olhar mais denso, que leva em conta a dimensão do dinamismo, do fazer-se cotidiano,levado a efeito por homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras, negros e brancos, adultos eadolescentes, enfim, alunos e professores, seres humanos concretos, sujeitos sociais e históricos,presentes na história, atores na história. Falar da escola como espaço sócio-cultural implica,assim, resgatar o papel dos sujeitos na trama social que a constitui, enquanto instituição. Este ponto de vista expressa um eixo de análise que surge na década de 80. Até então, a instituição escolar era pensada nos marcos das análises macro-estruturais, englobadas, de um lado, nas teorias funcionalistas (Durkheim, Talcott Parsons, Robert Dreeben, entre outros), e de outro, nas "teorias da reprodução" (Bourdieu e Passeron; Baudelot e Establet; Bowles e Gintis;entre outros). Essas abordagens, umas mais deterministas, outras evidenciando as necessárias mediações, expõem a força das macro-estruturas na determinação da instituição escolar. Em outras palavras, analisam os efeitos produzidos na escola, pelas principais estruturas de relações sociais, que caracterizam a sociedade capitalista, definindo a estrutura escolar e exercendo influências sobre o comportamento dos sujeitos sociais que ali atuam. A partir da década de 80, surgiu uma nova vertente de análise da instituição escolar, que buscava superar os determinismos sociais e a dicotomia criada entre homem-circunstância, ação-estrutura, sujeito-objeto. Essa vertente se inspira num movimento existente nas ciências sociais,direcionado por um paradigma emergente que,no dizer de Boaventura (1991), tem comocaracterística a superação do conhecimento dualista, expresso na volta do sujeito às ciências: "osujeito, que a ciência moderna lançara na diáspora do conhecimento irracional, regressa investidoda tarefa de fazer erguer