A criança e a morte
“Uma das marcas que nos diferenciam dos outros seres vivos é que ainda criança descobrimos a sombra da morte. La Rochefoucauld disse que há duas coisas que o homem nunca pode olhar de frente: o sol e a sua própria morte.”
Segundo Freud “no nosso inconsciente não existe representação para nossa própria morte”. Porém, carregamos a sombra da morte o tempo todo. A morte não estabelece diferenças de idade, crença ou classe social. A morte atinge a todos, inevitavelmente.
Este trabalho tem como objetivo analisar o comportamento das crianças frente à morte do pai e da mãe e analisar as condições associadas a uma evolução saudável ou patológica do luto.
A Criança e a Morte
Reação da criança frente á morte dos pais
Ao se falar de morte, inevitavelmente o tema nos conduz ao processo do luto. Entende-se por luto o amplo leque de processos psicológicos que são desencadeados pela perda de uma pessoa amada, independente do resultado final desses processos, e o primeiro passo para a aceitação do luto é aceitar que a morte aconteceu.
O psicanalista inglês Johm Bowlby (1969, 1973, 1980) dedicou sua vida ao estudo e conceitualização dos fenômenos de vinculação afetiva entre os seres humanos, com o propósito de explicar as várias formas de perturbação emocional que ocorrem quando esses vínculos afetivos são ameaçados ou rompidos.
As reações de uma criança frente à morte são muito semelhantes às de um adulto. Quando morre o pai ou a mãe, a criança sente profunda falta do falecido. Há desejo que o morto volte e, muitas vezes, esperança de que isso aconteça, seguida de tristeza e raiva quando percebe que isso não vai ocorrer.
As crianças não esquecem com facilidade, e gostam de conversar sobre a pessoa morta e episódios relevantes de sua vida, com o objetivo de afirmar e ampliar a figura guardada na memória; mas como aceitar que uma criança se defronte com a morte do outro, se mesmo o adulto não consegue lidar com esse tipo de