A criança e a morte
Ainda nos dias de hoje a morte é considerada como um tabu, principalmente quando relacionada à crianças. Nossa sociedade ainda acredita que a criança nada sabe sobre a morte e que isso é o melhor para ela, tendo em vista não aumentar seu sofrimento. Porém, elas vivem em contato com a morte desde muito cedo, seja pelas experiências pessoais, seja pela exibição em órgãos de comunicação. A criança aprende cada vez mais sobre a morte na televisão e nos jogos virtuais, de maneira distorcida, e isso tem feito com que haja até mesmo uma naturalização da violência.
Como já foi estudado anteriormente nas aulas de Psicologia do Desenvolvimento, o momento em que a mãe se ausenta do campo de visão da criança é uma das experiências mais marcantes na vida de um ser humano, dando início à um sentimento de abandono e desamparo tão frequentes nas situações de morte e luto. Entretanto, não se pode falar em conceito de morte nessa situação pois a sensação é abrandada pela volta da mãe e do aconchego. Isso explica a importância da presença constante da mãe para criança quando essa ainda é muito nova.
O conceito de morte apresenta três dimensões fundamentais que são observadas de maneira diferente nos estágios de desenvolvimento de Piaget. Essas dimensões são: irreversibilidade, universalidade e não-funcionalidade. A primeira é considerada pelo autor e por nós como a dimensão mais dolorosa, porque fala de um caráter definitivo. A universalidade refere-se ao fato de que a morte é algo que acomete à todos, e a não-funcionalidade relaciona-se ao fato de que um organismo vive, vai morrer e suas funções serão alteradas. O autor aponta que esta última é a mais complexa e difícil de ser explicada para as crianças.
No estágio pré-operatório de Piaget, a criança percebe a morte como um evento temporário. Essa ideia, como dito anteriormente, é reforçada pelos programas de televisão e videogames, em que os personagens se machucam de diversas formas e parecem inteiros