A cidade antiga
Introdução: Da necessidade do estudo das mais velhas crenças dos antigos para conhecer suas instituições O autor propõe expor por que princípios e por que regras governaram-se a sociedade grega e a sociedade romana (ambas com a mesma origem linguística e racial), colocando suas instituições e leis lado a lado a fim de compreender sua sociedade e desconstruir o mito de que eram iguais à nossa, uma vez que, como Coulanges bem expõe, "Grécia e Roma apresentam-se a nós detentoras de um caráter absolutamente inimitável. Nada nos tempos modernos a ela se assemelha. Nada nos tempos vindouros poderá lhes assemelhar." E, uma vez feita tal justaposição, "perceberemos uma conexão íntima entre essas opiniões e as regras antigas do direito privado, entre os ritos que se originaram dessas crenças e as instituições políticas." Declarando que "o homem é o produto e o resumo de todas as épocas anteriores", Coulanges esclarece que tal tal investigação ocorrerá com o auxílio de vestígios do passado das sociedades romana e grega, como, por exemplo, lendas - que, evidentemente, trazem imbuídas em si as crenças dos referidos povos. Livro Primeiro: Crenças Antigas
Capítulo I - Crenças sobre a alma e sobre a morte. O autor identifica a continuidade e persistência da crença de uma segunda vida humana pós-realidade corpórea. Encaravam a morte como uma "simples transformação da vida". Através de ritos fúnebres, Coulanges descobriu que tais civilizações greco-itálicas criam em uma segunda vida sob a terra, em que a alma continuaria associada ao corpo. Acreditavam, verdadeiramente, que estavam encerrando algo vivo nos túmulos, presenteado-lhe com alimentos (em alguns dias do ano, os gregos tendo inclusive construído lugares ao lado dos túmulos para cozinhar a carne de animais que eram ali mesmo imolados; assim, o ser que vivia sob a terra não estava assim tão separado da humanidade) e bebidas, matando os escravos e os cavalos do defunto para que