Weber ética protestante
Weber já focara nos seus estudos sobre a situação dos trabalhadores agrícolas alguns dos princípios éticos que havia de vir a desenvolver nesta nova obra. O contraste entre as condições de vida e perspectivas dos trabalhadores ligados por contrato e dos jornaleiros, correspondentes em grande medida ao que existe entre a aceitação de padrões tradicionais de deferência e patronato, por um lado, e uma atitude de individualismo econômico por outro. Esta última atitude não constitui, porém, mera conseqüência das condições econômicas dos jornaleiros, mas antes faz parte de uma ética que contribui para a destruição da antiga estrutura tradicional dos latifúndios.
Weber formula logo no início de A Ética Protestante um problema de ordem estatística: o fato de na Europa moderna os principais homens de negócios e proprietários do capital serem na sua grande maioria protestantes. Trata-se de um fato não apenas econômico, mas sim histórico. A quebra com o tradicionalismo econômico que se deu nesses centros teria contribuído para um enfraquecimento da tradição em geral. Podemos, portanto, tirar a conclusão de que é a natureza específica das crenças protestantes que implica a relação entre o protestantismo e o racionalismo econômico.
Verifica-se geralmente que as pessoas que dedicam a sua vida a atividades econômicas e à obtenção do lucro são ou indiferentes à religião, ou até hostis a ela, na medida em que as suas ações visam exclusivamente o mundo material, enquanto a religião se interessa apenas pelo mundo não-material. O protestantismo, porém, longe de se desinteressar do controle das atividades quotidianas, exigia aos seus aderentes uma disciplina muito mais rígida do que o catolicismo, injetando assim um elemento religioso em todos os aspectos da vida do crente.
Weber define assim as principais características do “espírito” do capitalismo moderno: a aquisição de cada vez mais dinheiro, combinada com uma privação severa de todo o