Weber, a ética protestante e o desencantamento do mundo
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Em “A ética protestante e o novo espírito do capitalismo”, Max Weber situa em termos sociológicos e históricos a contribuição do processo de racionalização ao extremo da conduta de vida para o desenvolvimento e a concretização do capitalismo moderno. Para que pudesse ser consolidado, o espírito do capitalismo teve que travar uma disputa com o tradicionalismo econômico arraigado pela noção luterana de destinação, ou seja, de que toda vocação profissional é uma posição social definida pelo desígnio divino. A relação de afinidade eletiva entre o espírito do capitalismo e o protestantismo ascético (mais especificamente o puritanismo) configurou uma sistematização não-religiosa de todas as dimensões da vida a partir de uma ética religiosa: no sentido de vocação profissional que adquiriu o trabalho, na consideração da ociosidade como pecado, na condução da vida como um empreendimento. Ainda assim, esse vínculo não pode ser considerado causal, e sim uma relação de pontos de contato e elementos comuns que proporcionam a influência de um determinado tipo de comportamento em uma prática econômica. Isso não era previamente visado, a salvação apregoada pelo puritanismo era o objetivo que direcionava não apenas a prática econômica como também toda a conduta de vida. Ao contrário do luteranismo, o puritanismo baseava-se na ideia de duplo decreto: a predestinação poderia servir tanto para a salvação como para a condenação eterna e a perspectiva da salvação exigia o exercício de uma prática intramundana. A internalização dos ritos e, principalmente, a valorização do cumprimento do dever através das profissões mundanas permitiram uma reorientação na conduta de vida, isto é, a prática religiosa favoreceu o surgimento de uma conduta de vida que visava o ganho de forma legítima e racional. Acima de tudo, o espírito do capitalismo traduz uma conduta de vida que precede o próprio capitalismo, é uma disposição para a ação. O tipo ideal de empreendedor é