Vidas secas - resenha
Sinhá Vitória, Fabiano, o menino mais velho, o menino mais novo e a cachorra Baleia - uma família de retirantes nordestinos. Estes são os protagonistas de "Vidas Secas", uma história cujo título, por si só, já sintetiza o conteúdo do livro. Obrigada a encontrar outro lugar para viver por culpa da seca, essa família vive treze episódios que podem ser lidos sem qualquer tipo de ordem. Antes de tornar-se um romance, "Vidas Secas" foi publicado em forma de contos em jornais da época. Por essa peculiaridade, da-se ao livro, portanto, o nome de "romance desmontável".
O livro todo conseguiu me comover de alguma forma - ou melhor, de todas as formas. Os pensamentos de Fabiano chegavam a doer de tão reais: o personagem tem plena consciência de sua ignorância. Tem plena consciência de que é enganado pelos homens que conhecem palavras difíceis - palavras estas que, apesar de bonitas, são perigosas. A família de Fabiano mal conversa por palavras e sim por grunhidos, sons guturais. Por essas e outras, Fabiano questiona sua própria humanidade e, ao declarar-se bicho, sente-se orgulhoso. É esse tipo de passagem que coloca o leitor de frente com o lado mais íntimo dos personagens de "Vidas Secas". É esse tipo de passagem que fez com que eu ficasse tão apegada aos