Resenha critica vidas secas
Vidas Secas
Graciliano Ramos
A obra Vidas Secas é um romance regionalista do autor Graciliano Ramos. Lê-lo é, antes de tudo, ser apresentado a seca que assola os estados nordestinos brasileiros, sendo ela a personagem principal do livro.
Como o título sugere, o livro aborda a seca do sertão e a vida subumana que a mesma condiciona uma família de retirantes, além de problemas sociais como a pobreza e a fome que castiga o povo nordestino sem distinções.
O livro apresenta treze capítulos, narrados em terceira pessoa, que podem até ser lidos em outra ordem que não a impressa no livro, por terem nascidos de contos independentes sobre a família de Fabiano e posteriormente reunidos sendo classificado assim como romance desmontável. Tendo como característica básica a economia nos diálogos, sendo seca também as palavras, devido ao sentimento de Fabiano em questionar a própria humanidade e se sentir como um bicho e bicho não fala, mostrando a animalização dos personagens e importância dada a ação que gera a sobrevivência, pois diálogo e carinho não enchem barriga.
Ler Vidas Secas é sentir o drama de um humilde vaqueiro chamado Fabiano, com sua família composta por Sinhá Vitoria, seus filhos e a cadela Baleia, lutando contra a seca para sobreviver. Cada capítulo comove de uma forma particular. Entre os mais emocionantes está o conto “Baleia”. Mostrando a humanização de Baleia, com o auge no seu delírio pré-morte. Deixando-se perceber que não há espaço para sentimentalismo no sertão nordestino, mesmo Baleia fazendo parte da família, sendo um membro dela, não há espaço para aqueles que estão fracos e condenados, a sobrevivência acima de tudo. A seca deixa as pessoas secas, e Fabiano tem que deixar de lado seu humanismo emotivo para aflorar ainda mais o prático da selva do dia a dia.
Outro conto que toma a reflexão é “Contas”. O casal sonha em ter uma simples cama de couro, porque dormem em uma de varas que só faria adormecer uma criatura exausta pelo trabalho