Resenha Critica de vidas secas - graciliano ramos
Quando perguntado o que seria a obra Vidas secas, Graciliano Ramos respondeu que se tratava de “um livrinho sem paisagens, sem alegria, sem diálogo e sem amor”. Na verdade, estamos diante de um romance triste, cheio de tensões críticas entre o homem e o seu meio. Um meio social, um meio de violência, de latifúndio, enfim, um meio natural, hostil e seco.
Duas temáticas podem ser percebidas neste romance: as adversidades em relação ao meio e as adversidades em relação ao outro. Graciliano Ramos trabalha nas esferas do social e do universal, do particular e do coletivo. Falar em regionalismo em Vidas Secas é diminuir, então, esta obra. O nordeste será meramente o palco destas discussões, uma vez que os nordestinos estarão em voga, sobretudo na geração de 30.
Esta obra de Graciliano Ramos é produzida em 1938 e está inserida em um contexto em que nomes consagrados da Literatura Brasileira, como por exemplo Jorge Amado, farão de sua obra um instrumento de denúncia; José Lins do Rego, autor do ciclo da cana de açúcar; Raquel de Queiroz, com O quinze, é a primeira mulher a entrar no universo da Academia Brasileira de Letras. Há ainda, na poesia, nomes como Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes. São estes autores que responderão artisticamente ao grande momento de fermentação ideológica e política. Os ideais de comunismo, socialismo, fim de latifúndio serão senso comum entre os intelectuais da época. A ideia de socializar, dar uma condição melhor para empregados também povoarão os ideais desta geração. Toda ela transferirá uma responsabilidade maior para o indivíduo sobre seus atos. Vemos aí a presença da práxis[1] na tentativa de cada indivíduo mudar sua condição.
Vidas secas – que é comparado às vezes a uma metáfora contra o Estado Novo – é composto de treze capítulos autônomos. Estes treze capítulos autônomos formam uma estrutura narrativa um tanto quanto “seca”. O primeiro capítulo, que é intitulado