Uma razoavel quantidade de crime
-se emindagações perplexas sobre a natureza, a existência e o porquê do crime, fazendo alusãoa obras importantes como
“Vigiar e Punir”, de Michel Foucault, “The Culture of Control”, de David Garland e a “Divina Comédia”, de Dante Alighieri. “O quequeremos dizer quando falamos em crime e em que condições o fazemos?” (p.15) De início indaga o autor.
O vocábulo “crime” se torna pauta para numerosos questionamentos sempre baseados na crença de sua instabilidade terminológica, na defesa de seu conteúdo pauta- se em concepções sociais e muitas vezes circunstanciais. “O crime aqui se transforma em um conceito incerto, inevitavelmente impreciso, se comparado com as sutisdistinções e significados necessários.”
(p.20) Com uma interessante situação posta emquestão, a de um homem que abre a braguilha perto de crianças, Christie faz porentender que a concepção de um comportamento como criminoso é fruto da ruptura dasolidariedade globa l, uma vez que “quantidades limitadas de informação dentro de certosistema social possibilitam a um ato ser atribuído o significado de crime.” (p.23) Sendo assim, atos não são criminosos; eles se tornam. Pessoas não sãocriminosas; elas se tornam. Uma criança que retira dinheiro da bolsa da mãe não é criminosa, porque há conhecimento suficiente sobre ela. “O crime não existe até que a conduta seja submetida a um processo altamente especializado de atribuição de sentido[...] Crime é uma, apenas uma, das i númeras formas de classificar atos deploráveis.” (p.
24-25) Na Família, quase nunca há espaço para a rotulação do crime, pois há aintimidade. Da mesma forma, o autor expõe a questão da guerra como contraponto, afirmando que “é mais fácil considerarmos com o crime os atos dos nossos inimigos do que os nossos próprios atos.” (p.27) Estendendo o ponto,
Christie ilustra a obra com o caso de um “criminoso de guerra”, que insistiu em comparecer à Corte em todos os