trabalho de direito
No exame de toda esta ordem de questões, é preciso certamente dar um prefácio, no gênero deste: “É decididamente indispensável aos homens atribuírem-se leis e viverem conforme a estas leis; de outro modo, não existe nenhuma diferença entre eles e os animais que, sob todos os aspectos, são os mais selvagens. E eis qual a razão disso: não há, absolutamente, nenhum homem que nasça com aptidão natural tanto de discernir pelo pensamento o que é vantajoso para a humanidade em vista da organização política, quanto, uma vez discernido isto, de possuir constantemente a possibilidade, como a vontade, de realizar na prática o que vale mais. Em primeiro lugar, é difícil, com efeito, reconhecer a necessidade, para uma arte política verdadeira, de se preocupar, não com o interesse individual, mas com o interesse comum, porque o interesse comum forma a coesão dos Estados, enquanto o interesse individual os desagrega brutalmente; difícil, ademais, reconhecer que a vantagem, ao mesmo tempo do interesse comum e do interesse individual, de ambos conjuntamente, é que se ponha em boa condição o que é de interesse comum, mais que o que é de interesse individual. Em segundo lugar, supondo que porventura se tenha adquirido nas condições cientificas exigidas o conhecimento desta necessidade natural, supondo, ademais, que no Estado se seja investido de sabedoria absoluta e que não se tenha contas a prestar, não seria nunca possível que se permanecesse sempre fiel a esta convicção, isto é, que ao longo de toda a vida se mantenha no lugar superior o interesse comum e o interesse individual em estado de subordinação quanto ao interesse comum. Ao contrario, a natureza mortal impulsionará o homem constantemente à cobiça do ter mais e à atividade egoísta; esta natureza, que foge irracionalmente da pena, que persegue irracionalmente o prazer, fará de uma e de outra dessas coisas um anteparo ante do que é mais justo e o melhor; produzindo assim a obscuridade em si mesma,