Texto e agora Jose

1655 palavras 7 páginas
“E agora, José?”*

As transformações no mundo do trabalho, ocorridas desde a segunda metade do século XX, foram objeto de um debate sociológico que tangenciou o problema à direita e à esquerda e, assim, que não o tomou em um todo dialético: houve quem tenha dado adeus ao proletariado e formulado categorias com a de “não-classe de não-trabalhadores”[1] para referirem-se à heterogeneidade do antigo proletariado fabril, quem tenha se despedido do próprio trabalho[2], quem tenha revitalizado de teses ortodoxas oriundas do marxismo e respondido à desproletarização com a ideia de “classe-que-vive-do-trabalho”[3], quem tenha desistido da emancipação pela esfera do trabalho e a proposto pela esfera da linguagem[4]. Uns desconsideram que a tendência de substituição de trabalho vivo por trabalho morto – explicada por Marx ainda no século XIX – como inerente à grande indústria e forçaram a mão direita quando eliminaram a centralidade do trabalho, mas acertaram quando consideraram que os trabalhadores, hoje, não anseiam a emancipação; outros forçaram a mão esquerda com voluntarismo e saíram em defesa da categoria trabalho cega e a-historicamente, assim, a despeito de explicarem com destreza as metamorfoses ocorridas na esfera produtiva, permaneceram sob grilhões conceituais que imputaram à sociedade atual características do século XIX e não viram que a emancipação encontra-se, hoje, bloqueada por quem, há pouco mais de cem anos, poderia fazê-la. Os porquês da controvérsia são muitos e aqui registra-se apenas algumas características das tecnologias produtivas: o século XX viu, sob o fordismo, a linha de montagem para a produção em massa de produtos homogêneos impondo controle e cronometragem aos movimentos do trabalhador, a fragmentação de sua atividade e a subtração da elaboração mediante a rotina embrutecedora da execução de gestos maquinais, a concentração das unidades fabris e a verticalização administrativa da massa de operários cujos intelecto e sentidos foram

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