Atenas
Os pré-socráticos foram os primeiros pensadores que, nas cidades gregas da Ásia Menor por volta do séc.VI a.C, procuraram desenvolver formas de explicação da realidade natural, do mundo que os cercava, independentemente do apelo a divindades e a forças sobrenaturais. E nesse sentido que dizemos que os filósofos pré-socráticos romperam com a tradição mítica, e é por isso também que denominamos seu pensamento de naturalista, por visar explicar a natureza a partir dela própria, entender os fenômenos com base em causas puramente naturais.
Selecionamos alguns textos de dois dos mais importantes filósofos pré-socráticos, Parmênides, fundador da chamada escola eleática, de Eléia, uma colônia grega no sul da Itália; e Heráclito, de Éfeso, uma cidade da Ásia Menor. Parmênides e Heráclito, que foram praticamente contemporâneos, vivendo em torno de 500 a.C, representam já um segundo momento da filosofia pré-socrática, em que o pensamento já é menos naturalista e começa a tender para a abstração conceituai que se desenvolverá em seguida, no período clássico, com Sócrates, Platão e Aristóteles.
Parmênides e Heráclito representam correntes de pensamento rivais na filosofia grega, e o conflito entre essas correntes marcará profundamente a obra de Platão, que procurará superá-lo, de certa forma conciliando as duas posições. Supõe-se que Parmênides desenvolveu seu pensamento, aqui expresso nos fragmentos de um poema, pelo menos em parte, como uma crítica senão diretamente a Heráclito, ao menos à corrente por este representada, os mobilistas, os filósofos que valorizavam o movimento na descrição da realidade.
O pensamento de Parmênides é monista, ou seja baseia-se em uma concepção de unidade (monos) ou totalidade do real para além do movimento, por ele considerado uma característica apenas aparente das coisas. Se o homem seguir a via do pensamento e não a da opinião, mutável e variável, encontrará a verdadeira realidade, a unidade subjacente à