conceito de sofrimento psíquico: Presumi-se que o sofrimento psíquico seja entendido, a partir da perspectiva das psicologias narrativas, como uma construção social. Marilena Grandesso (2000), afirma que a doença psíquica não pode ser entendida senão a partir do contexto sociocultural em que se forja, ou seja, são situações de interações sociais que definem determinadas formas de se comportar ou de conceber o mundo e a si mesmo como patológicas. A partir disso, há um processo de rotulação das pessoas identificadas como possuidoras de características “anormais” que pode, tanto estigmatizá-las como tornar suas formas de ser e de agir previsíveis e controláveis, confortando-as, por um lado, mas contaminando todas as esferas de sua vida, a partir dessas visões preconcebidas. Essas metaconcepções predominam pelo fato de serem emitidas por instituições que exercem o poder em determinada sociedade cujos discursos não são contestados pelos interlocutores desta comunidade linguística. Assim, as psicologias de base narrativista não falam do sofrimento psíquico como um estado interno e ontológico ao indivíduo e, sim, de práticas sociais que conduzem esse indivíduo a um estado de “não adaptação”, ou seja, de crise. A crise é entendida, segundo McNamee (1998), como um fenômeno relativo a perdas de sentido, a confusões e a descentra mentos. Esses momentos críticos ocorrem quando algo foge do controle de determinado indivíduo, quando este tem a percepção de perda de seu centro ou das rédeas de sua própria vida. No entanto, para que o indivíduo possa identificar-se como alguém que “saiu do rumo” e que precisa retomá-lo com a ajuda de outra pessoa, é necessário que este adote padrões de caminhos adequados a seguir. Esses padrões, por sua vez, são definidos a partir dos intercâmbios sociais que essa pessoa estabelece ao longo de sua vida.
Gergen (1997), para discorrer a respeito dos tipos de mal-estar produzidos pelas sociedades contemporâneas, criou o conceito de