Sociologia e teoria crítica do curriculo: uma introdução
Irandé Antunes
No texto Muito além da gramática a autora discorre sobre as questões que permeiam a determinação de uma norma lingüística como aquela de maior prestígio social. Representativa do grupo de domínio, que viu na língua uma forma legítima de preservação de seus valores e manutenção de usos linguísticos gerais e comuns capazes de garantir a interação competente aos iguais, a norma dita padrão acaba por desconsiderar a existência de outras normas que particularizam os falares de outras pessoas que não aquelas que fazem parte do grupo que detém o poder– acaba fazendo da língua um objeto de discriminação social e regional, dividindo e classificando a sociedade entre os que pertencem e os que não pertencem, entre superiores e inferiores, em prestigiados e desprestigiados.
Segundo a autora essas separações são feitas por razões históricas, por convenções sociais, que determinam o que representa ou não o falar social aceito. Daí por que não existem usos linguisticamente melhores e mais certos que outros; existem usos que ganharam mais aceitação, mais prestígios que outros, por razoes puramente sociais, advindas, inclusive, do poder econômico e político que adota esses usos.
A autora também afirma, que isolada na condição de ideal que lhe foi conferida, a norma padrão parece desconsiderar os usos linguísticos observáveis no funcionamento da língua e que diferem de seus parâmetros tidos como os mais corretos. Antunes aponta a literatura como o mais evidente deles. Os textos literários são entendidos como aqueles que trazem exemplos de bom uso da língua e não modelos a serem seguidos como denotado por aqueles que criticam o uso de textos canônicos da literatura. Além deles, a autora atribui aos textos de cunho jornalístico, didático, científico, oficiais como referenciais no estabelecimento da norma culta. Sendo esses os parâmetros apontados pela autora como aqueles que determinadas