Reputação é Memória
Paulo Nassar
Proust expressou como ninguém o sentido da memória para a vida e as emoções humanas. Provavelmente ele não imaginou que suas reflexões pudessem inspirar as empresas - organizações de maior impacto social no mundo, sobretudo a partir do século XX - a se preocupar com suas estratégias, ações e comportamentos junto à sociedade. No contexto atual para as empresas e instituições, no entanto, memória é reputação; é seu sinônimo mais claro. Se a memória de um produto é boa, compramos. Se a memória que temos de um político é boa, votamos. A força da experiência passada está presente construindo ou demolindo empresas e carreiras. Uma ação empresarial quando não ou mal explicada vira memória ruim. E a memória - boa ou ruim - registrada em documentos ou na cabeça das pessoas é o que consolida a reputação.
Isso faz com que a legitimação pela sociedade das atividades empresariais seja a bola da vez no âmbito da comunicação empresarial. Para entender o conceito, é interessante examinar a mudança de ângulo que o olhar dos públicos faz sobre as empresas. Por quase todo o século XX, as pessoas olhavam deslumbradas as corporações pelos seus produtos, valorizavam e ansiavam por marcas. Atualmente parte importante desses olhares está fixada nos chaminés e nos canos de esgotos das empresas. Muita gente, não só as organizações não-governamentais, está querendo saber quais os volumes de fumaça e de água suja as indústrias estão jogando no ar, nos rios e nos mares, quando produzem seus bens e serviços.
Esse assunto ligado às percepções da sociedade e de seus inúmeros públicos ganhou status de agenda de alta direção porque as grandes empresas - e neste caso estamos falando de organizações que têm os seus volumes de vendas anuais comparáveis a tudo o que produzem muitos países do primeiro mundo - estão fortemente questionadas por seus impactos nos âmbitos do social, econômico e ambiental. A própria ficção cinematográfica começa a abordar temas