Representação social da violência
No campo das ciências humanas o fenómeno das representaç ões sociais é um dos temas da atualidade que mais tem aproximado perspetivas teóricas. Várias correntes tentam compreender como se elabora esta característica humana. Na maioria delas encontra-se a noção de construção do real, ou seja, o carácter generativ o do conhecimento quotidiano, que exige uma análise dos a tos de comunicação e da interação entre indivíduos ou mesmo grupos e instituições.
A teoria das representações sociais preocupa -se com o estudo do conhecimento elaborado pelo senso comum, em busca da compreensão do meio ambiente e dos fenómenos que nele ocorrem. Este conhecimento de senso comum facilita a comunicação inter e intra grupos. Moscovici propõe uma análise através do qual os indivíduos em interação social constroem teorias sobre os objetos sociais, que tornam viável a comunicação e a organização dos comportamentos (Moscovici, 1969). Noutro sentido mais amplo, as representações sociais alimentam -se não só das teorias científicas, mas também dos grandes eixos culturais, das ideologias formalizadas, das experiências e das comunicações quotidianas.
Poderá então definir-se representação social como “Uma modalidade de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático e contribuindo para a construção de uma realidade comum a um conjunto social” (Jodelet,
1989, p.36). Para Moscovici o fenómeno das representações sociais tem “…um carácter moderno, na medida em que na nossa sociedade, ele ocupa o lugar dos mitos, das lendas e das formas mentais correntes da s sociedades tradicionais. Sendo seu substituto e seu equivalente, ele herda de uma só vez traços e certos poderes.” (Moscovici, 1989, p.83).
A representação expressa, através do seu processo de produção, quer a subjetividade dos atores sociais que a constituem, quer os códigos históric os e culturais dos contextos dos quais emerge, reenviando o sujeito para