Psicologia Historico-Cultural
L. S. Vigotski4 (1896-1934), psicólogo soviético que, juntamente com A. R. Luria (1902-1977) e A. N. Leontiev (1903-1979), desenvolveu a teoria da Psicologia Histórico-Cultural, considerava que o comportamento humano deveria ser estudado tanto nos seus aspectos biológicos quanto históricos, pois mudanças no desenvolvimento histórico da humanidade criavam um tipo diferente de homem. Tais mudanças se dão tanto na relação dos homens com os demais homens quanto do homem com a natureza. Neste processo, a própria natureza do homem se modifica e se desenvolve (Vigotski & Luria, 1996a).
Seguindo essa linha de raciocínio, Luria (1986) compreendia a atividade humana, caracterizada pelo trabalho social, como um primeiro fator criador de novas formas de comportamento. Embora a estrutura biológica do homem não tenha sofrido grandes alterações, por meio da atividade vital humana (trabalho), altera-se a forma de compreender o mundo e de se relacionar com os outros homens.
Ao elaborar instrumentos de trabalho para agir sobre a natureza, o homem, além de modificar a natureza, modifica o seu próprio comportamento, sua estrutura interna, seu psiquismo. O trabalho, por ser uma atividade mediada pelos instrumentos criados pelo próprio homem, vai além de qualquer atividade desenvolvida por outras espécies, pois confere ao homem certa autonomia em relação à natureza em virtude da capacidade de antecipação dos resultados de suas ações, escolhendo o melhor caminho para atingir determinados fins (Konder, 1985).
Além disso, o trabalho proporcionou a ampliação dos agrupamentos humanos - quando consideramos a filogênese - possibilitando o convívio em sociedade e garantindo a sobrevivência dos grupos. Para Vygotski (1930/2004), o homem só existe enquanto indivíduo por se tornar social, por fazer parte de um grupo social inserido em um contexto histórico. A