Por que sou tratado assim?

Por que sou tratado assim?

Como de costume, acordou cedo e com a sensação de que estivera acordado pela eternidade. Levantou-se da cama com a vitalidade de um jovem – ilusão logo revelada pelo reflexo do rosto molhado no espelho. Desviou rapidamente sua atenção olhando para a cozinha onde o desjejum era servido. Passou pela mesa, pegou um pouco de café e algumas torradas. Cumprimentou um de seus trabalhadores que por ali passava.
Sim, havia àqueles que estavam à sua disposição, mas mesmo assim gostava de tratar com as próprias mãos de suas crias: animais adoráveis, bem tratados, e podiam desfrutar de uma alimentação rica e balanceada. Caminhou, pensando em seus compromissos do dia, até o galpão onde mantinha suas criaturas, era assim que ele às chamava. Estava ansioso, tinha uma reunião muito importante mesmo não sabendo bem do que se tratara. Na construção antiga, porém muito bonita, houve uma agitação devido à sua presença. Suas crias saltavam umas por cima das outras, deixando de movimentar a roda que girava a engrenagem daquela máquina que ele chamava de moinho. Como criador, passou algum tempo conversando com seus animais ao mesmo tempo em que colocava ração balanceada no coxo. Contudo, em um momento de distração, foi mordido em uma das mãos. Num rápido reflexo saltou para traz cobrindo o ferimento com a outra mão, derrubou toda a ração pelo chão e olhou assustado para os animais sem entender o que ocorrera. Alguns faziam horrorosos grunhidos para ele, como se o estranhassem, outros pareciam demonstrar compaixão, tinham aqueles olhos de filhotes sem mãe. Ainda confuso, terminou de cuidar dos animais o mais rápido possível para poder cuidar do ferimento.
Subiu em um de seus cavalos com certa dificuldade. Em todo o caminho de volta ao casarão da fazenda, tentava entender o que acontecera. Ao entrar na sala principal, sentou-se e chamou um de seus trabalhadores, pediu a caixa de curativos, que prontamente lhe foi entregue em mãos. Portava-se, como