Poetas baudelairianos
Nesta primeira “etapa” do percurso da disciplina de Poetas baudelairianos, estudamos especificamente Carvalho Júnior, Teófilo Dias e Fontoura Xavier, os quais receberem esse epíteto de Antonio Candido. Além disso, eles pertencem ao que se convencionalizou, na crítica brasileira, uma poesia realista. Esta foi uma das primeiras reações à decadência da poesia romântica, e, segundo Antonio Candido, a importância de Baudelaire nessa conjetura é bem demarcada, uma vez que elementos de sua poesia foram eleitos pelos poetas realistas, não obstante a deformação e redução, como “um grande instrumento libertador” (CANDIDO, 2000, p. 31). Veremos esse diálogo com o poeta francês, especificamente no poema Profissão de fé de Carvalho Júnior. Este poema é, explicitamente, um manifesto antirromântico e marca relativa concordância com L’idéal de Baudelaire. A “Profissão de fé” de Carvalho Junior é marcada pela contraposição entre dois pólos representativos: o romantismo e o realismo. O primeiro é exposto por uma série de imagens que evocam elementos hospitalares, doentios, como em “virgens pálidas, cloróticas”, “romantismo hidrófobo”, “histerismo”, “raquíticos abortos de lirismo”. Essa série coaduna uma crítica à estética romântica: às imagens e temas típicos de sua lírica, como o da mulher idealizada, e à emergência da subjetividade do poeta, a qual seria engendrada em “acessos de histerismo”. O diálogo com o poema de Baudelaire já é aí revelado, pois no soneto deste são introduzidas, na mesma linha, imagens hospitalares e que remetem à doença e à degradação: “belezas pútridas”, “o poeta das cloroses (se referindo a Gavarni, desenhista francês)”, “belezas de hospital”, “pálidas necroses”. Contudo, paralelo a esse ponto de contato, temos divergências entre os poetas brasileiro e francês. Aquele assume uma