Fernando Pessoa
Ana Lucia C. Pita http://lattes.cnpq.br/0008772994511757 “O que sou essencialmente por trás das máscaras involuntárias do poeta, do raciocinador e do que mais haja é dramaturgo. O fenómeno da minha despersonalização instintiva [...] conduz naturalmente a essa definição. Sendo assim, não evoluo, VIAJO.[...]”
Fernando Pessoa
―Tanto Pessoa que até enjoa!‖, já disseram os próprios portugueses.
Não é fácil realmente justificar mais um artigo sobre Fernando Pessoa. A sua fortuna crítica é enorme e de qualidade e as leituras que apontam o poeta como um ―viajante‖ também são conhecidas. Todavia, alguns pontos da obra pessoana permanecem obscuros e talvez esse seja mesmo o ―poder‖ do poeta: o de conseguir dizer o mesmo de tantas formas que este seja sempre outro.
Assim, o que pode pretender, então, uma (re)leitura da obra Mensagem?
Dentre a vastíssima bibliografia crítica já levantada sobre a obra em questão, é possível delimitar, grosso modo, algumas tendências de leitura: a primeira, empenhada em captar os indícios esotéricos e místicos; a segunda, interpretando o nacionalismo profético do sebastianismo e do quinto império; a terceira, confirmando o hermetismo da obra e do poeta, e, por fim, a quarta, tentando decifrar a simbologia iniciática e a presença da maçonaria.
Desta maneira, percebe-se que, apesar de ser demasiado óbvio e subjacente a toda a obra, o tema viagem, tanto no sentido literal quanto metafórico, simbolizando a busca da identidade, quase não tem sido explorado em Mensagem.
Só mais recentemente, em trabalhos como os de Joel Serrão, Teresa Rita Lopes,
Leyla Perrone-Moisés e Robert Bréchon1, é que a crítica apontou para a questão,
1
Joel SERRÃO, Fernando Pessoa-Cidadão do imaginário, Livros Horizonte, 1981; Teresa Rita LOPES,
Pessoa Inédito, Livros Horizonte, 1993; Leyla PERRONE-MOISÉS, op.cit., 1982; Robert BRÉCHON,
Estranho Estrangeiro -uma biografia de Fernando Pessoa, Record,