cesario verde

Introdução

Cesário Verde, “grau zero da Modernidade, que pode ler-se também como grau ómega” , é, sem dúvida, um dos mais originais poetas portugueses. Foi Eduardo Lourenço quem no seu estudo Os dois Cesários denomina Cesário Verde “Anjo da Modernidade.” O poeta que viveu somente 31 anos é considerado como instaurador de um olhar novo e inocente sobre o mundo no tempo da transição para a Modernidade.
Ao ler O Livro de Cesário Verde podemos adquirir uma sensação de assistir a uma peça teatral que introduzindo uma nova linguagem artística reflecte as mudanças do contexto histórico europeu do século XIX. As personagens: mendigos, calceteiros, actrizes, mulheres fatais e outras, sublinham e completam o papel da personagem principal: Lisboa. Daí, Cesário Verde vai servir-nos como um guia, nem só pela história mas também pela cidade de Lisboa; como se fosse Charles Baudelaire apresentando-nos a cidade de Paris. O famoso flâneur baudelairiano transforma-se em flâneur português, representado pelos vários sujeitos líricos que nos apresentam, através dos olhares minuciosos, cenas e personagens diversas, a modificação da face da cidade como a consequência do processo da modernização, mas também a transformação do campo como lugar idílico e, ao mesmo tempo, real.
Cesário Verde tornou-se objecto de interesse dos vários estudos literários que se concentram nos temas como: modernismo, cidade de Lisboa, inovação literária, etc. O objectivo deste trabalho será focalizar o tema da mulher na poesia de Cesário Verde que é, sem dúvida, um dos temas interessantes que merece a sua minuciosa atenção.
A primeira parte deste trabalho vai esboçar o contexto histórico, cultural e literário do século XIX para ganharmos uma imagem concreta da época, captada também nos poemas de Cesário. Esta parte será completada pelas informações fundamentais sobre o poeta e seu estilo artístico para esclarecer a sua posição na literatura