Paterniani
Ernesto Paterniani
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Campinas, São Paulo.
Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
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1. Plantas Silvestres e Domesticadas
A agricultura é a maior invenção da humanidade, realizada há 10.000 anos em pelo menos em dois locais, no Velho e no Novo Mundo, de maneira independente.
Tendo o homem vivido por cerca de dois milhões de anos em competição com espécies mais fortes, velozes e agressivas, esteve perto da extinção em pelo menos duas ocasiões. A invenção da agricultura é que garantiu a sobrevivência da espécie.
Com a agricultura, o homem deu início à domesticação das plantas, o que produziu uma série de mudanças, tornando–as mais adequadas para o cultivo (Harlan, 1992).
Os fatores envolvidos na domesticação das plantas são, essencialmente
(Simmonds, 1976):
– Seleção natural para adaptação a novos ambientes e a resistência a pragas e a enfermidades. – Seleção artificial praticada pelos povos antigos.
– Hibridações naturais intra e inter–específicas (ex. trigo, algodão, etc.).
Concomitantemente, as plantas passaram a perder a capacidade de sobrevivência na natureza, sem o cultivo pelo homem. A seguir as modificações:
– Ausência de mecanismos naturais de dispersão de sementes.
– Ausência ou diminuição de substâncias amargas ou tóxicas.
– Ausência ou diminuição de mecanismos de proteção (espinhos, aristas, etc.).
– Ausência ou diminuição de dormência de sementes, com germinação mais rápida e uniforme.
– Mudanças de coloração de frutas e sementes.
– Gigantismo e maior produtividade.
– Mudanças de sabor e palatabilidade dos alimentos.
– Cereais: maior teor de carboidratos e menor teor de proteínas.
Anais da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, Recife, vols. 5 e 6, p.53-62, 2008-2009.
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ALTERAÇÕES GENÉTICAS DE PLANTAS
– Mudança de hábito perene para anual.
Merecem destaques mudanças relativas à reprodução, como as seguintes:
– Mudança de