Os Maias - sarau da trindade -critica

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A superficialidade das conversas, a insensibilidade artística, a ignorância dos dirigentes, a oratória oca dos políticos e os excessos do Ultra-Romantismo constituem os objectivos críticos do episódio do sarau literário do Teatro da Trindade. Ressalta a falta de sensibilidade perante a arte musical de Cruges, que tocou Beethoven e representa aqueles poucos que se distinguiam em Portugal pelo verdadeiro amor à arte e que, tocando a Sonata Patética, surgiu como alvo de risos mal disfarçados, depois de a marquesa de Soutal dizer que se tratava da “Sonata Pateta”, tornando-o o “fiasco” da noite. Nota-se que o público alto-burguês e aristocrata que assistia ao sarau é pouco culto, exaltando a oratória de Rufino, um bacharel transmontano, que faz um discurso banal cheio de imagens do domínio comum para agradecer uma obra de caridade de uma princesa, recorrendo ainda a artificiosismos barrocos e ultra-românticos de pouca originalidade, mas no final as ovações são calorosas demonstrando a falta de sensibilidade do povo português

— Revela-nos aspetos caricatos da sociedade lisboeta: o gosto pela verborreia oca; a total falta de sensibilidade estética para apreciar o talento; a lágrima fácil perante o exagero poético romântico; a superficialidade das conversas.
O primeiro interveniente é Rufino, um orador tido como sublime; a sua retórica vazia, quase barroca, traduz a sensibilidade literária da época; a sua bajulação à família real evidencia a idolatria em relação a quem o pode promover.
A sátira social é dirigida ao atraso cultural e ao provincianismo do país. Por exemplo, a baronesa fala com desdém da música clássica de Cruges, sugerindo que este tocasse uma cantiga popular; ao mesmo tempo, elogia a ridícula declamação do Rufino. Também as outras senhoras mostram ignorância quanto à composição de Beethoven, chegando a marquesa do Soutal a designá-la por “Sonata Pateta”. Tudo isto provoca riso e gera desrespeito face à atuação de Cruges.
Esta passagem confirma a

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