Onibus 174
Por se tratar de um documentário, a obra impressiona pela estrutura adotada pelo diretor, abordando o fato e complementando com uma história paralela sobre a origem de Sandro do Nascimento, através de comentários de amigos. Proporciona ao espectador uma análise de todo um contexto sócio ambiental da vida de Sandro, e que este não é apenas um homem com uma arma na mão e mal vestido. O documentário Ônibus 174, de José Padilha, é exatamente isto, a vida imitando a arte. O filme relata o incidente conhecido como “Sequestro do ônibus 174”, que resultou na morte do sequestrador Sandro do Nascimento e de uma das reféns, Geisa Gonçalves, com tiros disparados pelo bandido e pela polícia. Fácil seria se o filme fosse tão simples quanto sua sinopse, no entanto, não o é. Padilha vai além do que vimos pela televisão: jovem negro, drogado, assaltando para sobreviver. Na verdade, como mostra o diretor, o buraco é mais embaixo e o buraco da ferida está longe de ser cicatrizado. Nos primeiros minutos de filme, o primeiro pensamento que aflora na mente é: “Cadê o atirador de elite, onde está o atirador que com apenas um toque no gatilho poderia espalhar o cérebro desse marginal por todo o vidro do ônibus?”. Entretanto, com o desenrolar da trama, a cena toma outra forma. Nota-se que Sandro é dono de um perfil pouco agressivo, quieto, e que apenas busca ser reconhecido como ser humano. Teve uma vida normal por pouco tempo, até que presenciou a morte de sua mãe a facadas. Em seguida foi morar na rua, sendo um dos sobreviventes da chacina da Candelária. Passou a roubar para comprar cocaína, e usar cocaína para roubar. Foi internado em instituição própria para menores infratores e posteriormente preso.De outro lado, aponta a banalização da violência no trecho em que a estagiária, em meio ao acontecimento, pensando ser um “simples assalto”, liga para a empresa para avisar que vai se atrasar, mas que em breve estaria