onibus 174

Sobre os aspectos do documentário que mais chamaram a atenção, o primeiro, e bem evidente, é a linha argumentativa a partir da qual se mostra a realidade maior que levou ao fatídico acontecimento do sequestro do ônibus 174. A sequência inicial das imagens e as falas introdutórias evidenciam a realidade dos meninos de rua que vivem um cotidiano de violações sociais, privações e preconceitos, chegando a uma invisibilidade diante do mundo social; invisibilidade esta que é apresentada como integrante da ideologia do Estado. Ônibus 174 é um documentário que trata sobre a tentativa de assalto a um ônibus da linha 174, no Rio de Janeiro, que, não dando certo, levou o assaltante a sequestrar o coletivo, tomando os passageiros como reféns. Exibido ao vivo, em rede nacional, o sequestro foi o assunto principal em todo o país na tarde do dia 12 de junho do ano 2000. O desfecho se deu com a morte de uma refém, baleada por um policial e pelo próprio assaltante que foi morto, asfixiado na viatura da polícia. Mesmo depois de mais de dez anos do fato, as discussões presentes no documentário permanecem atuais, pois coloca em evidência problemas como a realidade dos meninos de rua, o tráfico de drogas, a violência urbana, o despreparo policial, a inércia da sociedade diante dos fatos, entre outras questões presentes explícita e implicitamente no discurso desse produto midiático, inclusive a influência da mídia no episódio. Essa é a história de Sandro Rosa do Nascimento, menino de rua, testemunha ocular do assassinato brutal da mãe, sobrevivente da chacina da Candelária, algoz do episódio do ônibus 174, cujo destino público seria a morte por linchamento. Mas, antes de morrer, ele precisava realizar seu “sonho” de ser visto, mesmo que por um instante, numa espécie de “pacto Fáustico”, como é nomeado no documentário o momento em que o menino troca sua alma, seu futuro por uma glória efêmera, “a pequena glória de ser reconhecido, de ter algum valor”. As extensões das