Ônibus 174

DOCUMENTÁRIO: SEQUESTRO DO ÔNIBUS 174

Rita Maria Andrade Lima Oliveira

Sandro do Nascimento, antes mesmo de nascer em 7 de Julho de 1978 em uma região próxima a Niterói – RJ, foi vítima da rejeição paterna, que após saber que sua mãe estaria grávida a abandonou. No ano de 1984, Sandro com seis anos de idade, levava uma vida normal até o dia em que viu sua mãe ser assassinada a facadas em frente ao próprio bar, na favela onde moravam. Fato esse que o deixou em estado de choque diante de tamanha brutalidade. Uma vez que não conhecera o pai, é acolhido na casa de uma tia que assume a responsabilidade de criá-lo juntamente com seus primos. Assim, diante de tudo o que ocorreu o que se observa é que Sandro tornou-se uma criança calada, fechada em pensamentos. Diante de tanto sofrimento, não demorou muito tempo para que começasse a fugir de casa, ficando nas ruas, onde a partir de então, passa a fazer uso de drogas, entre elas a cocaína e conseqüentemente o envolvimento em assaltos, para manter o vício. Por cometer vários delitos, Sandro passou por várias unidades de internação, onde conheceu o lado obscuro das celas superlotadas, de onde fugia sempre que surgia uma oportunidade. Pelo fato de morar na rua, no dia 23 de Julho de 1993, Sandro testemunhou e por sorte sobreviveu ao massacre denominado “Chacina da Candelária” que ficou conhecida internacionalmente pela crueldade em que oito meninos foram assassinados e outros feridos friamente por policiais que estavam pura e simplesmente, reagindo a um apedrejamento a um dos carros da polícia ocorrido no dia anterior à chacina. O que se observa neste documentário, é que a trajetória de vida de Sandro, desde a sua vinda ao mundo, até a sua morte no interior do camburão de um carro da polícia militar, nos aponta que esse jovem faz parte de um grupo de total desproteção, que ataca para se defender e para se vingar. Falhas? Sim, e não foram poucas. Nesta via de mão dupla, falhou o Estado que pouco ou nada