ônibus 174
O filme não foca no sequestro em si, mas sim na história de vida do Sandro, que nasceu numa família de classe baixa, presenciou o assassinato da sua própria mãe, foi morar numa Candelária e sobreviveu a uma chacina que ocorreu lá e, em meio a tantos dissabores da vida, acabou desviando-se dos caminhos considerados “certos” pela sociedade.
Ao longo do documentário percebe-se que em todo o seu decorrer é exposta a argumentação de que o rapaz em foco tenha sido vítima da exclusão e também da desigualdade social, e suas atitudes foram o resultado do abandono feito pelas autoridades do Rio de Janeiro que fizeram não apenas com o Sandro, mas com que várias outras crianças de rua e com condições menos favoráveis tornassem-se bandidos e/ou tenham aderido o crime como a única alternativa de sobrevivência.
Em todo o tempo é evidenciado o fato de que por trás de todo bandido há um ser humano, um cidadão que foi corrompido pela desigualdade social, pela falta de oportunidade e principalmente pelo egocentrismo e abandono feitos pela sociedade. Toda essa argumentação pode ser considerada intertextual aos conceitos do filósofo iluminista J. Jacques Rousseau, que afirmava que a sociedade gera interesses, inveja, egoísmo, conflitos, e uma de suas frases dizia “o homem é essencialmente bom, a sociedade que o