nutrigenomica
Ricardo Jorge Mendes (*)
Ricardo: “Nova ciência vem reforçar o conceito de uma nutrição personalizada considerando o DNA da pessoa”
Imagine você chegando ao consultório do seu nutricionista, e ele com seu prontuário tendo todo seu material genético decodificado num documento anexado e ao te olhar diz: “você provalavemente desenvolverá câncer de próstata daqui uns 30 anos, porém graças ao conhecimento sobre nutrientes e compostos bioativos de alimentos vamos seguir uma dieta que a chance de desenvolver esse câncer será menos de 7%”. E você respira fundo e fala: “Dr. pode elaborar uma dieta que eu seguirei ao pé da letra”. Estamos longe disso, mas saiba que graças ao novo ramo da Nutrição, chamada Nutrigenômica, que reúne conhecimentos sobre nutrientes e genes, possivelmente esse cenário algum dia fará parte do atendimento aos pacientes.
Mas antes de tudo, vamos entender melhor o que é nutrigenômica. Trata-se de uma área que estuda os efeitos de nutrientes e compostos biotivos dos alimentos sobre a expressão gênica (processo pelo qual a informação hereditária contida em um determinado gene resulta na produção de RNA mensageiro e, posteriormente, de uma proteína, de acordo com a constituição do DNA de cada indivíduo).
Em 2003, foi concluído o projeto genoma humano, no qual foi possível a decodificação de todo mapa genético, mostrando que o nosso genoma (todo material genético) é 99,9 % idêntico e apenas 0,1% é diferente. Essa diferença é responsável pela cor dos nossos olhos, pele, cabelos e inclusive pelo risco menor ou maior de desenvolver doenças crônicas e necessidades de nutrientes. Na linguagem técnica, chamamos essas diferenças de polimorfismos de nucleotídeos únicos (SNPs).
Para entender melhor a aplicação disso, considere um polimorfismo bastante importante descrita no gene PARy, participante no controle de níveis de triglicerídeos (um tipo de gordura mais abundante do organismo) no sangue. Pessoas com esse