Mobilidade Espacial
DA POPULAÇÃO NO MERCOSUL
Metrópoles e fronteiras
Neide Lopes Patarra
Rosana Baeninger
A publicação dos resultados amostrais do
Censo Demográfico de 2000, as séries de informações consulares levantadas pelo Ministério de
Relações Interiores e, principalmente, a turbulência dos primeiros anos do novo milênio constituem um estímulo propício para reflexão, balanço e reconhecimento das evidências empíricas sobre a inserção do Brasil nos movimentos internacionais de população, bem como, nesse contexto, o papel do
Mercosul (Mercado Comum Sul-americano) nos deslocamentos populacionais recentes.
Este texto é um desdobramento e uma atualização de pesquisas anteriores voltadas à análise das transformações e dos efeitos dos movimentos migratórios internacionais no âmbito do
Mercosul. Sempre contextualizados a partir de processos macroestruturais de reestruturação proArtigo recebido em outubro/2004
Aprovado em dezembro/2005
dutiva e no contexto internacional da atual etapa da globalização, em suas múltiplas dimensões e desdobramentos, esses estudos também voltam-se aos possíveis efeitos da formação do bloco econômico como estratégia multilateral para fazer frente aos efeitos freqüentemente perversos do contexto contemporâneo no que diz respeito aos deslocamentos populacionais emergentes.
A crescente importância das migrações internacionais no contexto da globalização tem sido objeto de um número expressivo de contribuições importantes, de caráter teórico e empírico, que atestam para sua diversidade, significados e implicações.
Parte significativa desse arsenal de contribuições volta-se à reflexão das grandes transformações econômicas, sociais, políticas, demográficas e culturais em andamento no âmbito internacional, principalmente a partir dos anos de 1980. Como eixo de reflexão, situam-se as mudanças advindas do processo de reestruturação da produção,1 o que implica em novas modalidades de mobilidade do capiRBCS Vol. 21 nº