Mobilidade espacial da população: conceitos, tipologia, contextos
Texto: Becker, Olga Schild. Mobilidade espacial da população: conceitos, tipologia, contextos, in: Castro, Iná Elias de et al., Explorações geográficas. Percursos no fim do século, Rio de Janeiro, Bertand, 1997, p. 319-367
O conceito de mobilidade aparece difuso,não apenas pelas múltiplas particularidades que o fenômeno migratório apresenta, mas também porque são vários os campos metodológicos que orientam seu estudo. Sob uma escala global, a aparência dos fluxos populacionais depende de certas conjunturas políticas e econômicas, o que não é diferente para uma análise em menores escalas, que considere as diferentes tipologias migratórias entre estados, regiões, setores ou centralidades urbanas.
Configuram-se diferentes tipologias a partir de um espectro de elementos espaços-temporais: intensidade dos fluxos, distâncias, caráter dos motivos desencadeadores, relação cidade-campo, etc.
A migração é, sob a forma de um conceito bem definido, um objeto de estudo e de análise, o que implica um vasto campo de interpretações compostos entre diferentes paradigmas teórico-metodológicos que se estabeleceram ao longo do tempo.
As principais perspectivas são a neoclássica e a neomarxista, que ganham centralidade antes e depois da década de 70, respectivamente. A primeira se baseia na lógica formal, quantificando e esquematizando em leis e fórmulas os fluxos e as aglomerações populacionais, ao modo da economia política clássica; reitera as categorias da totalidade diluindo as contradições iminentes do modo de produção capitalista e dá valor central ao caráter subjetivo da mobilidade, já que destrincha sua análise a partir da noção de indivíduo. A segunda percorre o caminho da dialética marxista, considerando os movimentos migratórios dentro da totalidade capitalista, o que define migração como “mobilidade do trabalho” essencial à reprodução das relações de produção que visem à acumulação.
A interpretação dos movimentos migratórios dentro