Michel foucault - discurso teórico e centralização do corpo na era da modernidade
Em praticamente todas as suas obras, Foucault esforçou-se por explorar as relações entre poder e conhecimento (saber). Nomeadamente, entre o conhecimento gerado pelas ciências humanas (Medicina, Psiquiatria, Psicologia, Sociologia, etc.). Embora estabeleça uma relação muito clara entre “saber” e “poder”, Foucault não vê nessa relação o resultado de uma espécie de conspiração por parte das elites. Essa conspiração implicaria actores conscientes. Foucault sublinha sobretudo as relações estruturais entre conhecimento e poder (relações que escapam à consciência dos actores).
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Preocupa-se em saber como é que os indivíduos se governam a si próprios e aos outros através da produção de conhecimentos. Na sua obra História da Loucura (1961), Foucault faz aquilo que designa por arqueologia do saber especialmente do saber psiquiátrico para demonstrar como esse saber se tornou uma fonte de poder. Explora, concretamente a criação da categoria “louco” por oposição à categoria “normal”: loucura por oposição à razão.
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Cronologia da Loucura: Na Idade Média, o louco não era alguém a quem faltava algo (o juízo, a razão) era alguém que tinha algo a mais: era possuído, estava possesso. Durante o Renascimento, a literatura explora a imagem do louco como visionário. A loucura era qualquer coisa que existia “dentro do homem”. O louco desempenhava um papel público, dizia aquilo que os outros estavam impedidos de dizer, demonstrando a própria loucura da razão. Loucura e razão não estavam separadas.
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Cronologia da Loucura: Mas durante aquilo que Foucault designa por “Idade Clássica” isto é, a partir do Renascimento (1650), começa a estabelecer-se a separação entre as duas categorias: loucura e razão. Os loucos começam a ser “silenciados”, isto é, confinados, internados, exibidos e estudados pelas ciências humanas. A loucura começa a ser percebida como “não razão”.
A loucura é, para Foucault, claramente uma “construção social e histórica”.