DO OLHO DO PODER AO PODER DO OLHAR
MICHEL FOUCAULT E A CRÍTICA DO OCULACENTRISMO
Renato Maia (Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais –
PPGCS/UFRN)
renatomaia@riseup.net
“Trabalho preparado para sua apresentação no 1º Encontro Internacional de Estudos
Foucaultianos: governamentalidade e segurança, organizado pelo Departamento de
Ciências Sociais e pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 13 a 15 de maio de 2014.”
Resumo:
Michel Foucault analisou a relação do panóptico com o nascimento do poder disciplinar instaurado nas prisões, escolas, manicômios e hospitais. Nesse modelo o olhar teria um papel determinante para o controle e a disciplina dos internos. Foucault também discutiu sobre a questão da ciência e o caráter de verdade que o olhar científico impõe. Na sociedade contemporânea é possível perceber que a predominância do olhar, em detrimento dos demais sentidos, produz resultados significativos e que, nem sempre, beneficiam a população de forma mais abrangente. Desde a invenção do panóptico até a propagação das câmeras de monitoramento e as tecnologias da imagem, passando pelo olhar investigativo da ciência, o olhar clínico e o diagnóstico da verdade, até o olhar onipresente e onisciente do Deus cristão que a tudo ver, demonstra que o ver e ser visto tem um poder excepcional na vivência cotidiana; é o oculacentrismo, a centralidade no olhar, que intermedia as relações. O que perpassa esse predomínio do olhar como conhecimento, como verdade e como controle é a questão do poder que se exerce geralmente por transparência e por visibilidade e que atinge a todos, não apenas aqueles sobre os quais o poder se exerce, mas também sobre os que exercem o poder. A pretensão deste artigo é discutir sobre tais questões utilizando as ferramentas foucaultianas como subsídios teóricos.
Palavras-chave: Poder, oculacentrismo, Foucault.
Olhar, o que significa? Qual a sua dimensão na sociedade