Era vargas
1930-1945
Dayse Martins Hora
Núcleo de Estudos de Educação Brasileira – NEB
UNIRIO
O problema proposto
A medicalização das instituições sociais já há algum tempo é tratada com profundidade pelas ciências sociais, sendo objeto de análises fecundas. Entretanto, a matriz teórica por ela produzida tem sido pouco considerada como possibilidade de produção de conhecimento para a história da educação.
Estudos como os de Moysés e Collares (1996) e Valla e Hollanda (1989), por exemplo, utilizaram a idéia de medicalização da escola para entender a produção do fracasso escolar e vêm produzindo contribuições relevantes para a área. No entanto, de forma geral, a nosso ver, ainda há muito a conhecer nessa temática.
A medicalização social, com a qual pretendemos trabalhar, diz respeito ao processo pelo qual os indivíduos são levados a se submeter à normalização médica, de uma forma tal que qualquer aspecto de suas vidas se torna passível de ser regulado pelo discurso médico, com destaque, neste trabalho, para a educação. Tal processo é decorrente da apropriação da vida do homem por parte da medicina – o corpo, a alma, a vida, a morte, a dor e o prazer – traduzindo-a em termos de saúde e de doença e, portanto, inscrevendo-a na ordem médica; ordem dotada de uma racionalidade própria onde circula um conjunto de representações que marca a forma de percepção de determinados fenômenos.
Os pesquisadores da esfera pedagógica pouco têm atentado para o papel histórico do saber-poder médico na constituição política brasileira, como estratégia de hegemonia e do quanto esse saber gera matrizes norteadoras da produção de currículos escolares.
Neste trabalho temos por objetivo questionar como o processo de medicalização tomou a escola por seu objeto para viabilizar um projeto político de modernização da nação, principalmente, durante o período de 1930 a 1945, no contexto de reformas educacionais identificadas