Língua portuguesa
Pedagógica
Por que, hoje, ainda há (ou não há mais) necessidade de uma nomenclatura gramatical uniforme no ensino de Língua Portuguesa nos níveis fundamental e médio?
Stella Maris Bortoni-Ricardo (UnB)
A educação no Brasil, além de se ressentir de tantos problemas estruturais, tem sido prejudicada, de tempos em tempos, por falsas crenças que se consolidam e assumem status de verdades inquestionáveis, influenciando corações e mentes dos professores e enviesando sua
prática docente. E não são de pequena monta os m ales que essas
falácias acarretam. Podemos citar dois exemplos bem conhecidos de quem vem acompanhando as deficiências no ensino e aprendizagem da língua portuguesa nas últimas décadas, desveladas pelos sistemas nacionais de avaliação. O primeiro é a crença de que os modelos construtivistas de alfabetização desaconselham qualquer mediação do professor porque cabe aos alfabetizandos construir e testar sozinhos suas hipóteses heurísticas em relação à língua escrita.
A segunda
falácia, não menos deletéria, é a que se derivou da leitura apressada e mal
feita dos textos sociolingüísticos: a nenhum professor seria permitido corrigir o uso de variantes próprias da modalidade oral ou regional na fala de seus alunos , pois isso poderia traumatizá-los. Creem os que professam tal dogma que não existem erros, apenas
diferenças. Eles só se esquecem de que o próprio princípio
básico
da competência
comunicativa é a adequação dessas diferenças às situações da dinâmica social. Nenhum educando vai ser capaz de adequar seu repertório ao contexto se não conhecer o valor social das variantes de cada regra variável de sua língua.
Entre todos esses imbróglios que têm assombrado o trabalho pedagógico no ensino da língua materna no Brasil a partir do século XX, o que par ece ser o mais grave diz respeito à chamada Nomenclatura Gramatical Brasileira.
Herdamos a ênfase nas terminologias gramaticais dos