hobbes e locke

O PENSAMENTO POLÍTICO DE HOBBES E LOCKE*

O século XVII, na Inglaterra, foi marcado por profundos conflitos entre o rei e o Parlamento. Jaime I pretendia legitimar sua autoridade absoluta, recorrendo à teoria da origem divina do poder, o que não era aceito pelo Parlamento, que defendia a submissão do poder real ao Legislativo. Dentro desse contexto, representando posições e opiniões opostas, destaca-se Thomas Hobbes, ferrenho defensor do absolutismo, e John Locke, teórico do liberalismo. Partindo de uma rápida apresentação das idéias de cada um, proponho realizar uma análise comparativa para verificar alguns pontos desta oposição, utilizando para isso, os textos citados e as ideias discutidas em sala.

THOMAS HOBBES (1588/1679)

Hobbes, em sua obra nos apresenta o homem como um ser desprovido de razão natural, levado a agir por suas paixões e que precisa lutar para conquistar “as comodidades da vida, aquilo que resulta em prazer”.1
O homem, segundo Hobbes, é levado a agir de forma a preservar-se contra seus semelhantes pois, possuindo uma natureza egoísta, teme do outro o que tem dentro de si. “O homem é o lobo do homem”, frase mais famosa e repetida de Hobbes, resume sua concepção acerca do caráter humano. Partindo desse princípio, Hobbes mostra o homem no “estado de natureza” como um ser constantemente atormentado pelo medo de ser atacado, de perder o que tem, em suma, em guerra constante. Para preservar-se, não tem outra alternativa a não ser abdicar de sua liberdade e de tudo que tem em favor de alguém ou de alguma coisa que lhe garanta sobreviver. Esta “coisa”, para Hobbes, é a “sociedade civil”, da qual o homem aceita fazer parte unicamente por medo. “Espero que ninguém vá duvidar de que, se fosse removido todo o medo, a natureza humana tenderia com muito mais avidez à dominação do que a construir uma sociedade. Devemos portanto concluir que a origem de todas as grandes e duradouras sociedades não provêm da boa vontade recíproca que os homens tivessem