História Econômica
Em “Adam Smith em Pequim: Origens e fundamentos do Século XXI”, Giovanni Arrighi busca uma explicação teórica e histórica para duas questões absolutamente atuais e interligadas: o ressurgimento econômico e político da Ásia Oriental, que nesta segunda etapa (a primeira foi liderada pelo Japão) tem a China como centro dinâmico, e a perda, pelos EUA, da posição de potencia hegemônica mundial.
O livro está organizado em quatro partes, cada uma com três capítulos. Nos três primeiros da primeira parte (Adam Smith e a nova época asiática), talvez os mais inovadores, Arrighi parte das conflitantes e também insuficien- tes interpretações da ascensão chinesa, argumenta que elas decorrem de um inadequado quadro conceitual e propõe que para esta finalidade, a teoria do desenvolvimento de Adam Smith é mais útil que a de Karl Marx e de Joseph Schumpeter. Isso porque o notável desenvolvimento econômico experimentado pela China nos séculos XVI e XVIII foi baseado no mercado não capitalista. Este processo se interrompeu justamente quando a Europa, mais precisamente a Grã-Bretanha, onde também havia se desenvolvido uma economia de mer- cado, entrava numa rota de desenvolvimento tecnológico e econômico que permitiu a esta região do globo acumular riqueza e poderio militar suficientes para submeter a Ásia Oriental nas primeiras décadas do século XIX. Enfim, a Grã-Bretanha e o Ocidente inventaram a acumulação incessante de capital, ou, seja, a via capitalista de desenvolvimento baseada no mercado.
A diferença entre os dois caminhos é a relação entre os capitalistas e o estado. Na Europa, o estado foi maleável aos interesses capitalistas, o que não aconteceu na Ásia Oriental e não porque lá não houvesse esta- do e capitalistas. A união entre estado e capitalismo, que proporcionou a acumulação interminável de capital no Ocidente, é o que